Depois do sucesso estrondoso do Merriweather Post Pavillion, um dos melhores da década passada, Avey Tare, uma das cabeças por trás do Animal Collective, resolve ir solo pela primeira vez. A história vocês já conhecem, e depois do primeiro single “Lucky 1”, cheguei a ficar até um pouco desanimado a ouvir o disco, o Down There. Maior erro. Embora nenhuma delas tenha aquela produção mirada pra estratosfera do álbum anterior, e nem sejam instantâneas, as músicas desse disco vão crescendo devagar, tanto em suas melodias quanto na cabeça dos ouvintes.
Falando em estratosfera, em “Oliver Twist”, Avey já começa gritanto “Rocket!”, e o que se sucede é uma canção com poucas batidas e um vocal cavernoso, enlameado, com sons de água pingando. A música começa de forma bizarra e desordenada, mas vai ganhando corpo e melodias (e um refrão maravilhoso em seu último minuto), que no final, com palmas e uma percussão a mais, parece soar como a trilha sonora perfeita para um baile de dança de fantasmas num pântano. Se ela tem uma coisa em comum com as músicas anteriores da banda, é sua originalidade e capacidade de te prender depois de algumas vezes. Assim, o que no princípio parecia ser apenas um b-side do Animal Collective, com paciência, se torna uma brilhante canção de pop experimental, que só poderia ter saído da mente do líder de um dos melhores grupos da atualidade.